Entrevistado:

120.2.C1 - Carlos Alberto Farias Galvão

Data da entrevista: 30/05/2003

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Função, Escola, Período
Função Escola Período
Professor(a) ESCOLA JÚLIA KUBITSCHEK
Aluno(a) ESCOLA CLASSE 308 SUL 1960
Aluno(a) GRANJA DAS OLIVEIRAS 1964
Diretor(a) ESCOLA JÚLIA KUBITSCHEK 1985 - 1989

Biografia

O professor Carlos Alberto Farias Galvão nasceu no Rio de Janeiro, no dia 06 de junho de 1946. Em maio de 1960 veio para Brasília acompanhando a família. Seu pai era, na época, presidente do IAPETEC – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes e Cargas. Morou, inicialmente, num acampamento na altura da 307 Sul e, depois, na 107 Sul. Ingressou na CASEB ainda em 1960, ou seja, em seu primeiro ano de funcionamento, onde cursou o 2º, o 3º e o 4º anos do antigo ginasial, indo, em seguida, para o Elefante Branco, onde fez as 1ª e 2ª séries do então científico. Integrou, nessa época, o Coral de Brasília. Desde muito cedo, o professor Carlos Galvão viu-se dividido entre a música e a Física. Chegou a cursar dois anos de Física, na USP, quando se afastou de Brasília, por razões políticas. Antes disso, porém, passou pelo CIEM – Centro Integrado de Ensino Médio, onde cursou o 3º ano científico. Fazia, ao mesmo tempo, o CIEM artístico e o CIEM de Engenharia. Datam desse período os seus contatos com Cláudio Santoro e Rogério Duprat. Por ocasião do golpe de 1964 e da demissão em massa dos professores da UnB, vai para São Paulo, de onde retorna, algum tempo depois, interrompendo o curso de Física na USP. Ingressa no Instituto Central de Artes – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, o famoso ICA – FAU, tendo tirado o primeiro lugar geral da UnB no vestibular. Prevalecendo a inclinação artística, todavia, inicia bem sucedida carreira na área de educação musical, cujo ponto culminante se situa na direção da Escola Musical de Brasília. Ex-aluno da rede pública de ensino, lecionou sempre em escola pública, em instituições públicas de nível superior – universidades federais – ou médio – Escola de Música de Brasília – que, por sinal, veio a se tornar um centro de educação profissional. Carlos Alberto Farias Galvão veio do Rio de Janeiro para Brasília em abril de 1960 – às vésperas da inauguração, a que assistiu – tendo estudado na CASEB, na seqüência, no Elefante Branco, e no Centro Integrado de Ensino Médio – CIEM – cuja primeira turma integrou, em 1965. No Rio, estudava no colégio Pedro II. Sua graduação deu-se na Universidade de Brasília, mediante curso de seis anos e meio de duração, nas seguintes áreas: Composição Musical e Regência; Contrabaixo. Fez o mestrado em Caracas, no INIDEF – Instituto Interamericano de Etnomusicologia e Folclore da Universidade Central da Venezuela. O doutorado foi feito na Inglaterra, na Universidade de Oxford – Composição e Análise. Vem ocupando, há muitos anos, a direção da Escola de Música de Brasília que, em suas gestões, conheceu formidável desenvolvimento: basta dizer que, quando pela primeira vez assumiu ali cargo de direção haviam três núcleos; hoje, na condição de diretor-gerente do Centro de Educação Profissional Escola de Música de Brasília, é responsável por uma instituição que conta com trinta e sete núcleos, entre os quais se destaca o Núcleo de Musicologia Braile que, em suas palavras, “inclui a diferença dentro de uma escola regular”. Aposentou-se pela Universidade Federal da Paraíba, mas retornou a Brasília. Foi aluno do maestro Reginaldo de Carvalho, por sua vez aluno de Villa-Lobos. Durante boa parte de sua trajetória escolar esteve dividido entre a parte artística e a de exatas. Atribui ao sistema educacional de Brasília daqueles primórdios – CASEB e Elefante Branco – o traço marcante em sua formação, que é o da multiculturalidade.


Áreas de atuação
  • Música

Resumo

O entrevistado inicia o seu depoimento relembrando o que denomina “experiência educacional fantástica”, no Rio de Janeiro, ainda no ensino fundamental, e a sua passagem pelo colégio Pedro II, para, em seguida, detalhar outras experiências no campo da educação, proporcionadas pelo modelo inovador de Anísio Teixeira, seja na CASEB, seja no Elefante Branco, seja ainda, no CIEM, o Centro Integrado de Ensino Médio. Relata, também, o constante conflito entre uma forte inclinação artística – que, afinal, acaba prevalecendo – e uma aproximação com a área de exatas. Fala de um projeto bem sucedido nessa área, que lhe rendeu, inclusive, um prêmio; por sinal, o primeiro conferido a uma iniciativa dessa natureza – científico-estudantil – a estudante de Brasília: um foguete que alcançou a distância de 5 quilômetros. Até que se estabelecesse o predomínio absoluto da música, inclusive como opção profissional, a Física continuava a dividir espaço com as experiências e conquistas artísticas na incipiente carreira do professor Carlos Galvão. Aos lamentáveis episódios de violação de direitos nos domínios da UnB, seguiu-se o ‘exílio’ voluntário do jovem estudante. A USP é seu destino e esse período é contado na entrevista como aquele que marca o fim das dúvidas, o encerramento do ciclo de exatas e o início de uma caminhada nas sendas musicais. Revela, porém, todo o seu saudosismo com relação à escola pública que, naquele início de Brasília, era da melhor qualidade, arrojado e, de certa forma, experimental. Um ensino – revela o entrevistado em seu depoimento – caracterizado por iniciativas pioneiras ancoradas, em especial, nos projetos da CASEB, do Elefante Branco, do regime de estudo integral, das escolas classe e parque. A seguir, refere-se o entrevistado ao longo caminho percorrido – exitoso, graças a uma dedicação exclusiva mesclada com amor à arte e à cultura - expresso nos trabalhos desenvolvidos na Universidade; na Escola de Música de Brasília; nas orquestras sinfônicas. E que envolveu a docência; a busca da qualidade no ensino da música; a transformação da arte em profissão; a execução de diversos projetos em sua área. Tudo isso está descrito com requinte de detalhes e traindo toda a emoção do depoente, em particular na parte final da entrevista. Carlos Alberto Farias Galvão, aluno pioneiro do sistema educacional de Brasília, discorre, no início de seu depoimento, sobre a sua permanência na CASEB e no Elefante Branco – estava vindo do Rio de Janeiro, onde estudava no colégio Pedro II – e o que isso significou na sua vida adulta, e principalmente profissional. Comenta seu ingresso no CIEM – Centro Integrado do Ensino Médio – no primeiro momento de funcionamento dessa alternativa de ensino, em 1965. Relata também o seu período na UnB, a graduação em Composição Musical e Regência e Contrabaixo; o mestrado em Caracas, no Instituto Interamericano de Etnomusicologia e Folclore da Universidade Central da Venezuela; o doutorado na Universidade de Oxford, Inglaterra. Refere-se, ao longo da entrevista, à profunda influência que os métodos de ensino, a perspectiva de funcionamento e a maneira inovadora de busca do conhecimento exerceram sobre sua vida adulta, profissional, intelectual, musical. Atribui ao ambiente não necessariamente comprometido com a tradição e o conservadorismo daquele sistema de ensino presente no início de Brasília o fato de ter se aberto para o multiculturalismo, por exemplo, para a junção de saberes acadêmicos e populares, sem preconceito; acredita que, de certa forma, ainda que por influência de Anísio Teixeira e de Darcy Ribeiro, a Universidade de Brasília reproduziu alguns conceitos bastante aceitos e valorizados na CASEB e no Elefante Branco, responsáveis, por exemplo, pelos cursos de integração. Fala, em detalhes, de sua identificação com a Química e da participação em ‘clubes’ à época existentes no então ginásio – CASEB – e colégio – Elefante; fala de sua opção definitiva pela música e da riqueza cultural presente nas experiências com outras civilizações, outros costumes e outros significados presentes em manifestações artístico-musicais desses povos.

Local da entrevista: Brasília - DF

Palavras chave

Observação


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