Entrevistado:

120.2.M4 - Maria Reis Canêdo

Data da entrevista: 30/10/2001

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Função, Escola, Período

Biografia

A professora Maria Reis Canêdo já exercia o magistério em sua terra natal, Morrinhos, no estado de Goiás, quando transferiu-se para Goiânia, onde continuou a lecionar. De lá, veio para Brasília, pois seu esposo recebeu convite para chefiar escritório de terraplanagem na futura capital. Ele veio em setembro de 1958 e a professora, com os filhos, a ele se juntou em março de 1959.\r +
Na cidade em construção, iniciou sua trajetória na educação através da Novacap, antes do concurso. Os requisitos eram: uma carta, uma entrevista e um, digamos assim, estágio, ou aula prática. O fato é que assumiu uma escola de acampamento, perto do aeroporto, com 83 alunos, compreendendo as 1ª, 2ª, 3ª e 4ª séries do curso primário. Nessa escola era, ao mesmo tempo, professora das quatro séries e diretora... “secretária e faxineira”.\r +
A orientação pedagógica partia da professora Santa Alves Soyer, diretora da escola pioneira Júlia Kubitschek e uma espécie de coordenadora das outras escolas. O contrato de trabalho era, obviamente, com a Novacap. Posteriormente subordinou-se à CASEB – Comissão de Administração do Sistema Educacional de Brasília – e à Fundação Educacional. \r +
Da escola do acampamento foi para a 107 Sul, escola-classe. Ali permaneceu até 1968 quando transferiu-se para a sede – a Fundação Educacional – ocupando o cargo de secretária do Departamento de Pedagogia. Preferiu sempre o exercício da docência às incumbências de direção; assim, manteve-se durante todo o tempo como professora. Aposentou-se na Fundação Educacional em outubro de 1980.\r +


Áreas de atuação
  • Alfabetização

Resumo

A professora Maria Reis discorre sobre sua trajetória na área da educação desde sua terra natal – Morrinhos- GO – passando por Goiânia e vindo consolidar-se em Brasília, onde chegou em março de 1959. Veio acompanhando o marido, ligado à construção civil e que havia recebido convite para assumir um escritório de terraplanagem na época em que se erguia a nova capital. Suas experiências como pioneira, professora, migrante, estão contidas no relato desse início, que julga “o tempo mais gostoso de Brasília”. Conta, em detalhes, o seu envolvimento com a escolinha do acampamento da COENGE, onde foi professora das quatro séries primárias, diretora, secretária e faxineira, como assume com humor. Detalha, a seguir, o apoio – tanto no plano profissional como pessoal – recebido de dona Santa: a assistência pedagógica; a preocupação desta com as necessidades da escola; a questão da moradia, etc. E as peculiaridades do sistema educacional que se implantava naqueles primórdios, com comentários sobre a estrutura e o funcionamento da CASEB, as práticas de coordenação e supervisão, unidades pedagógicas e outros procedimentos. Comenta, a seguir, acerca da obra de Anísio Teixeira e a preocupação com a renovação e a qualidade do ensino segundo seus pressupostos. Fala da rivalidade entre docentes do ensino primário e do ensino médio, e entre os que prestaram o concurso nacional e os contratados pela Novacap, pré-existentes à inauguração da capital. Refere-se, magoada, ao início das injunções políticas na educação do DF, o que não existiu até determinada época. Atribui sua decisão repentina de se aposentar a tais fatos, por si só injustos e desgastantes. Reporta-se aos aspectos salário e valorização profissional do professor; ao hilariante episódio da oferta de um apartamento, cuja decisão deixou a cargo de dona Santa; às inaugurações de escolas-classe e escolas-parque e o que isso representou na realidade educacional de Brasília. Reporta-se a questões do cotidiano da nascente capital: a presença do presidente, da maneira mais informal possível; a questão da carona institucionalizada como condução, etc. No tocante às escolas propriamente ditas, relaciona o resultado do concurso nacional com a distribuição do corpo docente pela rede, a partir da mais importante, a escola Júlia Kubitschek – “a elite dos professores”. Finaliza com comentários sombrios sobre a politicagem nas instâncias do ensino de Brasília e bem humorados sobre o seu temperamento forte, a propósito do relato de uma intervenção cirúrgica em uma das mãos.

Local da entrevista: Brasília - DF

Palavras chave

Observação


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