Entrevistado:

120.2.O1 - Olinda da Rocha Lobo

Data da entrevista: 08/03/2001

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Função, Escola, Período
Função Escola Período
Professor(a) ESCOLA JÚLIA KUBITSCHEK
Professor(a) ESCOLA CLASSE 308 SUL 1960

Biografia

Olinda da Rocha Lobo, natural de Formosa-GO, concluiu o curso normal no colégio São José, de inspiração religiosa, em sua cidade natal. Iniciou-se no magistério em Sítio da Abadia, também no interior de Goiás, como regente de classe. \r +
Após dois anos e meio voltou para sua cidade de origem, atuando como alfabetizadora. Nessa ocasião, alfabetizou também adultos e muitas crianças que, hoje, dão sua contribuição ao desenvolvimento da própria educação, das artes, do Direito e de outras áreas do conhecimento, em Brasília.\r +
A convite de dona Santa Soyer, chegou em Brasília no dia 1º de março de 1959. Lecionou, inicialmente, na pioneira escola Júlia Kubitschek (terceira série). Enquanto ainda estava na escola Júlia Kubitschek foi selecionada – um grupo de vinte professoras – para estagiar no Centro Regional de Pesquisas Pedagógicas – CRINEP – vinculado ao INEP, em Salvador – BA – tomando contato com as ideias e com o projeto inovador, no campo da educação, que Anísio Teixeira consolidaria em Brasília através das escolas-classe e escolas-parque. Foram vinte dias de estágio, em horário integral.\r +
Em 1960, transfere-se para a escola-classe da 308 Sul, a primeira escola definitiva de Brasília, dentro do plano educacional de Anísio Teixeira. Lecionou na terceira série, por um ano. De lá, transferiu-se para a escola de aplicação da Escola Normal, atuando como professora demonstradora para normalistas, onde permaneceu por um ano e meio até ser convidada a fazer, em Belo Horizonte, o curso de especialização em metodologias (todas as áreas) do primeiro grau, supervisionado pelo PABAEE, tornando-se orientadora pedagógica. Nesta condição, passou a integrar o grupo técnico incumbido de organizar o primeiro currículo de Matemática de Brasília. \r +
Tornou-se, a seguir, supervisora de didática da Matemática, sua especialidade, assumindo, posteriormente, a chefia da prestigiosa Divisão de Ensino Elementar, por seis anos. \r +
Foi, também, professora do curso de direção da Secretaria de Educação, depois absorvido pela UnB. Na Universidade de Brasília, lecionou História da Educação e Metodologia da Matemática. Foi, ainda, por dezesseis anos, professora do CEUB, realizou cursos no exterior (Direito Constitucional Americano, nos Estados Unidos, por exemplo) e tem trabalhos publicados em sua especialidade (didática da Matemática). Ao deixar a Fundação Educacional, após vinte e três anos, tornou-se técnica em assuntos educacionais.\r +


Áreas de atuação
  • Matemática

Resumo

A entrevista se inicia com a entrevistada historiando seu percurso no magistério, a partir da conclusão do curso normal em sua cidade natal e das primeiras experiências docentes no norte do estado (Sítio da Abadia – GO).\r + + + +
"[...] a professora era assim... tudo. Ela trabalhava, orientava as pessoas (...) entrava nos trabalhos sociais, trabalhos da Igreja, casamento, batizado."\r + + + +
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Conta que a admiração pela professora era tanta que uma família da cidade literalmente a adotava. Nessa condição, alfabetizava crianças, e também adultos.\r + + + +
Foi a todo-poderosa da educação em Brasília, naquela época, dona Santa Soyer, quem a convidou e trouxe para a nova capital, impressionada com sua dedicação ao magistério. Uma dedicação acompanhada da crença numa educação baseada na “compreensão, diálogo, amor e valorização humana”.\r + + + +
Orgulha-se – admite – tanto das crianças que alfabetizou, quanto dos adultos humildes que livrou do analfabetismo. Considera a sala de aula “uma mini-sociedade onde está representada toda a sociedade”.\r + + + +
Fala das influências recebidas do pai, quanto do tio, integrantes da missão Cruls, certamente decisivas na sua disposição de vir para a civilização que então se instalava no planalto central, do meio do nada, possível pela via do entusiasmo, da confiança e do idealismo.\r + + + +
O depoimento focaliza, a seguir, passos da professora Olinda na educação pioneira de Brasília. Primeiro, a escola Júlia Kubitschek, seu projeto arquitetônico, seus equipamentos e suas propostas pedagógicas inovadoras. A seguir, a primeira escola-classe e o rumo da especialização, em Belo Horizonte, sob a supervisão do PABAEE. A opção definitiva pela didática da Matemática, que permitiu experiências do concreto na disciplina abstrata por excelência. A volta como orientadora pedagógica, o trabalho com o material didático de inspiração montessoriana, facilitando a aplicação das técnicas afins. Técnicas, métodos, experimentações, conceitos, definições, a bola, o círculo, a circunferência, a analogia do aprendizado. A evolução da compreensão e da maturidade cognitiva ao longo das séries do ensino elementar.\r + + + +
No penúltimo bloco, a professora registra o aspecto legal da educação. O percurso administrativo, legislativo, político, didático, da normatização do ensino: a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em suas versões de 1963 e 1972, com suas adequações, seus aspectos positivo e negativo.\r + + + +
No último bloco, o retrospecto de uma trajetória de dedicação, de conquistas, de valores, de sacerdócio, de apostolado, sempre em torno da educação, do conhecimento, da aprendizagem. Do grupo escolar pioneiro à liderança marcada pela cientificidade, pela pesquisa, pelo aprimoramento. Na função mais exponencial.\r + + + +
A entrevistada deixa transparecer, em trecho específico, a indignação diante da interferência política, da ideologização, da auto-promoção em detrimento do interesse coletivo voltado para a educação. Ao mesmo tempo, reafirma, no entusiasmo com que recorda a prática docente, a sua crença, adquirida por meio de verdades científicas, no papel da escola como agente do desenvolvimento físico, intelectual e mental da criança. \r + + + +

Local da entrevista: Brasília - DF

Palavras chave

Observação


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