Entrevistado:

120.2.N1 - Neuza França

Data da entrevista: 11/08/2003

Entrevistadores(as): Responsáveis pela transcrição de materiais: Revisores da transcrição de materiais:
Função, Escola, Período
Função Escola Período
Professor(a) ESCOLA JÚLIA KUBITSCHEK
Professor(a) ESCOLA CLASSE 308 SUL 1960

Biografia

A professora Neuza França veio para Brasília em outubro de 1959, proveniente do Rio de Janeiro. Seu esposo era advogado e procurador federal e, com a transferência dos tribunais para a nova Capital do país, não restou ao casal outra alternativa. Seu primeiro contato com assuntos educacionais na cidade que se formava deu-se através da participação em um Seminário onde foram expostas as diretrizes do plano de Anísio Teixeira para a educação. Ingressou, a seguir, na CASEB, na área de Música – educação artística, educação musical. A escassez de profissionais na sua área de atuação, na Capital em gestação, obriga-a a atuar, neste início, em distintas frentes: na rede oficial de ensino, em escolas particulares e religiosas, em corais, bandinhas infantis e ainda como professora particular, em sua residência, aos sábados. Mais tarde, teve passagem de destaque na Escola de Música de Brasília, por uma década, aproximadamente. Atuou, também, como pianista da Orquestra Sinfônica de Brasília. Aposentada, continua a se apresentar em concertos já incorporados ao calendário cultural da Capital, realizando pelo menos dois ao ano: um na sala Martins Pena do Teatro Nacional de Brasília e outro no auditório da Escola de Música de Brasília. Eventualmente, apresenta-se em solenidades, encontros e seminários, além de festividades na CASEB. Compôs os hinos de praticamente todos os estabelecimentos de ensino por onde passou e é autora do hino de Brasília, oficializado ainda no governo Jânio Quadros. Profundamente ligada à história de Brasília e referência na vida cultural e artística da cidade, a professora Neuza França coleciona 23 placas, medalhas e troféus, representativos do reconhecimento da cidade à sua dedicação e ao trabalho incansável na área de educação musical.


Áreas de atuação
  • Música

Resumo

A entrevistada se reporta, inicialmente, à sua vinda para Brasília; às dificuldades do primeiro momento; à participação em importante Seminário promovido pelo MEC e destinado a discutir os rumos da educação na nascente Capital; ao seu ingresso na CASEB, começo de uma marcante trajetória na área da educação musical e artística. No plano pessoal, refere-se às dificuldades de moradia – ocupou, de início, um apartamento quarto e sala, o famoso JK, incompatível com o tamanho da família, o que obrigou o casal a deixar os dois filhos menores no Rio de Janeiro – e comenta, com satisfação, o “hobby” do marido – marcenaria – muito útil naqueles tempos, face à ausência absoluta de espaço no domicílio. Em seguida, reforça o significado do Seminário já aludido, com as participações de Paulo Freire e Anísio Teixeira e com foco no sistema educacional a ser implantado no DF. Menciona contemporâneos seus que foram marcantes no segmento da iniciação musical junto a estudantes da rede oficial e que se tornaram referências, também, tanto quanto ela, professora Neuza França, no contexto artístico-pedagógico da Capital que se inaugurava: Zulemar Nunes Leal, Reginaldo de Carvalho, Charles Rodrigues, entre outros. A entrevistada traça um panorama da educação musical naqueles primórdios – década de 60. Para as séries iniciais da escola pública, praticamente nada se fazia nesse sentido, segundo a professora Neuza França: o trabalho com música concentrava-se, de verdade, no 2º grau. Conceitua, a seguir, educação, iniciação e apreciação musical, que, em seu conjunto, convergem para o desenvolvimento de uma cultura musical no sentido de um primeiro contato com os grandes mestres, de aprender a conhecer música e outras manifestações artísticas, como a dança e o folclore. Prosseguindo em seu depoimento, a professora Neuza França detalha o trabalho realizado na CASEB especificamente. Assim como em escolas religiosas da Capital e em outros segmentos, como orquestra sinfônica, bandinhas infantis, corais. Merece destaque, em seu relato, a experiência na Escola de Música de Brasília. A entrevistada focaliza, a seguir, o ritmo intenso de trabalho naquela época em que a recém-inaugurada Brasília praticamente não dispunha de outras professoras em sua área de atuação, obrigando-a a um turno complementar de trabalho em casa, com aulas particulares. O surgimento de um nódulo na corda vocal redireciona a sua atuação para o instrumental – aulas de piano, ao invés de corais. Ainda no tocante ao seu envolvimento com a educação musical, a professora lembra que razões de ordem familiar impediram-na de assumir a docência na UnB, o que aceitou com tristeza e resignação. Outros pontos que merecem registro: menciona episódio de reconhecimento público de seus alunos, ainda hoje; evoca a sua memória profissional para contemplar alunos que se destacaram; recorda a interferência de fatos políticos – o golpe de 1964, por excelência – no desenvolvimento da atividade docente e, em particular, na sua área.

Local da entrevista: Brasília - DF

Palavras chave

Observação


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